segunda-feira, 9 de maio de 2011


O amor é bonito como um campo de tulipas a apodrecer num qualquer país  baixo, o amor é bonito até ser feio. o amor é um quadro pintado na  parede de uma casa, um quadro onde duas pessoas se amam até morrer ou,  pelos menos, até uma delas comprar outro balde de tinta.  é um par de  sapatos debaixo da cama e quatro pés fora dos lençóis. o amor são duas  chaves iguais em bolsos diferentes, duas alianças escolhidas na  ourivesaria mais barata e pagas em prestações. o amor é bonito. o amor é  a escolha partilhada da mesma dentadura até  que ela apareça cheia de  saliva num copo em cima da mesinha de cabeceira. uma camisa engomada e  uma dor de costas. o amor é o comando avariado outra vez e uma conta da  luz que supera o ordenado. ainda assim o amor é bonito. o amor é bonito  como o caudal de um rio a comer a terra. o amor é um par de cortinas  comprado nos chineses. o amor é um conjunto de desculpas e atrasos. o  amor é bonito como a roupa arrumada no guarda-vestidos até tropeçarmos  num par de meias. o amor é bonito como umas cuecas sujas a entupir a  banheira. o amor  é uma tarde inteira à procura da casa certa para  acabar por escolher a mais barata. é um ramo de verdes onde se esconde  uma rosa, é um perfume que mais parece uma amostra. amor é uma merda  porque todas as coisas que são bonitas têm o condão de nos deixar na  merda.   e porque tudo o que é bonito leva-nos à merda, o amor é uma  merda ainda maior que a vida.  o amor é bonito porque somos feios, o  amor é grande porque somos pequenos.
Um homem de verdade te ama sem ter vergonha do que os amigos e os outros iram pensar!

Um comentário: